Apoteose
Enquanto um dia fui criança, O tempo não passou. Com minhas primeiras esperanças, Ele parou e me atropelou. Sendo platônico ou não, O quão maduro me tornou... E hoje vejo a semelhança: Não me pareço mais criança! E agora me pergunto o que parece absoluto: No que o tempo me tornou? Sei que em declínio não estou. E se ele não me perdoou, Acorrentado me deixou. Eu nem queria me acorrentar. Só preferi me aproveitar. E se estou aqui parado, Nem me pergunto mais por quê! Eu sei que estava agindo errado... E é assim que tem que ser! "O que está longe do outro lado", Finjo que não vejo... "Não quero deixar parecer", Pois nada parece! Existem coisas que a gente procura. Existem instantes que a gente não conta. O valor aparece e a gente não nota. Por que "alguém" não nos denota! No fim das contas não me encontro, Fico preso e sem rota. O orgulho é tão grande que uma hora até desbota. A apoteose me enlouquece encerrando minha cota. A vida às vezes me denota quais são os dias da derrota, Parecem sextas-feiras 13, Superstições das 03:15. E nada disso é neurose, Muito menos overdose. Somente a amostra da minha dose, Cujo frasco leva "a frase", Me demonstrando o fim da fase. Tão árduo cheguei aqui pra concluir, Que a frase novamente vem com crase! Debaixo da manga ela é minha trinca de azes. Martirizando que àquela não se deve apoteose. Àquela não se deve apoteose! Melancolia é meu assistente, Aplicador de muitas doses. Superdosando solidão! Superdosando solidão!