OITOFELIX

Apoteose

Enquanto um dia fui criança,
O tempo não passou.
Com minhas primeiras esperanças,
Ele parou e me atropelou.

Sendo platônico ou não,
O quão maduro me tornou...
E hoje vejo a semelhança:
Não me pareço mais criança!

E agora me pergunto o que parece absoluto:
No que o tempo me tornou?
Sei que em declínio não estou.
E se ele não me perdoou,
Acorrentado me deixou.

Eu nem queria me acorrentar.
Só preferi me aproveitar.
E se estou aqui parado,
Nem me pergunto mais por quê!

Eu sei que estava agindo errado...
E é assim que tem que ser!
"O que está longe do outro lado",
Finjo que não vejo...
"Não quero deixar parecer",
Pois nada parece!

Existem coisas que a gente procura.
Existem instantes que a gente não conta.
O valor aparece e a gente não nota.
Por que "alguém" não nos denota!

No fim das contas não me encontro,
Fico preso e sem rota.
O orgulho é tão grande que uma hora até desbota.
A apoteose me enlouquece encerrando minha cota.

A vida às vezes me denota quais são os dias da derrota,
Parecem sextas-feiras 13,
Superstições das 03:15.
E nada disso é neurose,
Muito menos overdose.

Somente a amostra da minha dose,
Cujo frasco leva "a frase",
Me demonstrando o fim da fase.
Tão árduo cheguei aqui pra concluir,
Que a frase novamente vem com crase!

Debaixo da manga ela é minha trinca de azes.
Martirizando que àquela não se deve apoteose.
Àquela não se deve apoteose!
Melancolia é meu assistente,
Aplicador de muitas doses.
Superdosando solidão!
Superdosando solidão!